quinta-feira, 14 de agosto de 2014

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (6) - NUNO ÁLVARES PEREIRA

A imponente estátua de D. Nuno Álvares Pereira, junto ao Mosteiro da Batalha
Nesta precisa data, 14 de Agosto, mas em 1385, ocasionou-se a mais gloriosa vitória de Portugal: a Batalha de Aljubarrota, quando as forças portuguesas (em alta minoria) conduzidas pelo Condestável Nuno Álvares Pereira e por El-Rei D.João I de Portugal, infligiram uma retumbante derrota ao imenso exército de Castela. 
14 de Agosto devia ser um nosso orgulhoso feriado, mas Portugal - ou quem o (des)governa - parece ter medo de Espanha, corrige-se, de Castela... Tal como o 1.º de Dezembro, outro tocante episódio para glória nossa, em 1640, devia ser também feriado nacional. Mas lá estamos com "medo" de Espanha... Não tarda, ainda mandam destruir o obelisco sito na Praça dos Restauradores em Lisboa... Adiante!
Como nos devemos referir ao maior estratega da História de Portugal?
São vários os respeitosos tratamentos: Nuno Álvares Pereira (com ou sem Dom no princípio), Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria, São Nuno de Santa Maria ou, simplesmente, Nun'Álvares.
Nasceu a 24 de Junho de 1360, ou em Cernache do Bonjardim (concelho da Sertã) segundo uns ou, segundo outros, em Flor da Rosa (concelho do Crato). Faleceu em Lisboa, no Convento do Carmo, a 1 de Novembro de 1431. 
Foi beatificado por Bento XV em Janeiro de 1918. 
Em Abril de 2009, foi santificado por Bento XVI. 
O terramoto de 1755 destruiu o seu túmulo mas, consta, os seus restos mortais e relíquias foram transladados em 1953 para a Igreja do Santo Condestável, sita em Lisboa no bairro de Campo de Ourique.
Era um dos muitos (32, segundo o cronista Fernão Lopes) filhos ilegítimos de Dom Àlvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital no Crato. 
Aos 13 anos ingressou na corte de D. Fernando I de Portugal (este sim, tem o seu túmulo no Convento do Carmo em Lisboa). Hábil no manejo das armas e amante dos livros de cavalaria, queria manter-se virgem mas o pai, que entretanto já o legitimara, obrigou-o a casar-se aos 16 anos com uma jovem e rica viúva (D. Leonor de Alvim), donde nasceram três filhos: os dois rapazes morreram cedo e a filha, D.Beatriz, veio a ser a primeira Duquesa de Bragança ao casar com D. Afonso, filho bastardo mas já legitimado, de Dom João I.
Nun'Álvares esteve sempre ao e do lado do Mestre de Aviz (D. João I), tal como seu irmão Fernão, o mesmo não tendo acontecido com seus irmãos Diogo e Pedro, que se bandearam para Castela, morrendo ambos na Batalha de Aljubarrota.
Extraordinário chefe militar, Nuno Álvares Pereira foi o grande vitorioso das batalhas de Atoleiros, Aljubarrota e Valverde. Fez parte das forças portuguesas na conquista de Ceuta, em 1415, mas não terá chegado a combater. 
Entre os muitos títulos que lhe foram atribuídos foi Conde de Barcelos, de Ourém e de Arraiolos.
Quando enviuvou, abdicou da vida militar e entregou-se completamente à vida monástica e de pobreza, recolhendo-se ao Convento do Carmo, por ele fundado.
É o patrono da Infantaria portuguesa.
Camões cita-o várias vezes em "Os Lusíadas", donde e em especial o que regista no Canto VIII, estrofe 32 ao 5.º verso: "Ditosa Pátria que tal filho teve".
Estranhamente, a Cinematografia Portuguesa jamais abordou a sua vida para um filme!... Incapacidade dos nossos cineastas ou também o "medo" de Espanha/Castela?...
Mas, em compensação, os nossos desenhistas não se têm esquecido, cada um no seu estilo, deste herói ímpar da nossa História através da 9.ª Arte. Citam-se abaixo os exemplos que conseguimos apurar:

FERNANDO BENTO E ADOLFO SIMÕES MULLER: são os autores de "História de Nun'Álvares" que se publicou no "Diabrete" (1950 /1951) do n.º 733 ao n.º 785, numa bela versão que, incompreensivelmente, ainda não foi recuperada em álbum.

"História de Nun'Alvares", por Adolfo Simões Muller (texto) e Fernando Bento (desenho), in revista "Diabrete"


CARLOS ALBERTO E JOSÉ DE OLIVEIRA COSME(?): do n.º 375 ao n.º 387, na revista "Mundo de Aventuras", foi publicado "O Santo Condestável", em 1956.
"O Santo Condestável", com desenho de Carlos Alberto e texto (muito possivelmente)
de José de Oliveira Cosme - revista "Mundo de Aventuras" (1956)


JOSÉ RUY: aborda Nun'Álvares em "Os Duzentos Inimigos do Condestável", em prancha única publicada na revista "Camarada", em 1962...
"Os duzentos Inimigos do Condestável", por José Ruy (in revista "Camarada", 1962)

...e também, na sua briosa adaptação a BD de "Os Lusíadas".
Pranchas 8 a 11 de "Os Lusíadas", por José Ruy - "Editorial de Notícias"


JOSÉ ANTUNES: em duas pranchas, "O Cavaleiro D. Nuno", publicadas na revista "Camarada" (2.ª série, n.º 16) e reeditadas no "Cadernos Moura-BD" n.º 5.
"O Cavaleiro D. Nuno", por José Antunes (in "Cadernos Moura BD" #5, 2004)


EUGÉNIO SILVA E PEDRO DE CARVALHO: para um livro escolar, publicaram em duas pranchas, "Nuno Álvares Pereira".
"Lições de História Pátria - 3.ª classe", com desenho de Eugénio Silva
e texto de Pedro de Carvalho (Porto Editora, 1967)


VÍTOR PÉON: tem uma curta, "A Batalha de Aljubarrota", publicada no n.º 2 da revista Tintin (em 1968) e mais tarde republicada no n.º 358 do "Mundo de Aventuras" (em 1980).

"A Batalha de Aljubarrota", por Vítor Péon (in "Mundo de Aventuras" #358, 1980)


ARTUR CORREIA E MANUEL PINHEIRO CHAGAS: obviamente, incluem Nun'Álvares no primeiro tomo de "História Alegre de Portugal"...
"História Alegre de Portugal" (volume 1), com desenho de Artur Correia
e texto de Manuel Pinheiro Chagas (Bertrand Editora, 2008)


JOSÉ GARCÊS: tem "Na Senda do Cavaleiro", publicada na revista "Lusitas" (1950/1951) e reeditada no n.º 1 de "Cadernos de BD " (sob coordenação de Jorge Magalhães)...

Capa e duas pranchas de "Na Senda do Cavaleiro", por José Garcês (in "Cadernos de BD" #1, 1985)


...e em "A Grande Aventura" (ou "História de Portugal em BD", tomo 2), em 1985.
Capa e prancha do 2.º tomo de "A Grande Aventura - História de Portugal em BD", 
por José Garcês e A. do Carmo Reis (Edições ASA, 1985)


O Condestável tem também "aparições" em "Os Sitiados"...
"Os Sitiados", por José Garcês (in "Cavaleiro Andante" #302)


...e em "Os Cavaleiros do Rei", respectivamente com publicações nos n.ºs 302 e 304 da revista "Cavaleiro Andante".
"Os Cavaleiros do Rei", por José Garcês (in "Cavaleiro Andante" #304)


FERRAND: para as Ed. JRS-Publicidade, uma peculiar história curta, com o passado e o presente, sob o título "D. Nuno Álvares Pereira".
"D. Nuno Álvares Pereira", por Ferrand (Edições JRS-Publicidade)


PEDRO MASSANO: Nun'Álvares aparece logicamente com frequência no álbum " A Batalha", editado neste 2014 pela Gradiva.
"A Batalha", com texto e desenhos de Pedro Massano ("Edições Gradiva", 2014) 


Existirão mais exemplos?... Por ora, agradecemos os apoios prestados por José Ruy, Jorge Magalhães, Artur Correia, José Garcês, Eugénio Silva, Carlos Gonçalves e José Manuel Vilela.
LB

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Caro Sávio :
      Um abraço grato pelo seu amável comentário
      Luiz Beira

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  2. Dr. Juarez Antonio Leoni14 de agosto de 2014 às 20:39

    Belíssimo levantamento bibliográfico.

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    1. Estimado Juarez
      Aquele grato abraço pelo teu amigo e estimulante comentário.
      Teu velho amigo
      Luiz Beira

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